segunda-feira, 20 de abril de 2015

Arranque do ano morno para a Media Capital



Depois de, no ano passado, ter registado uma forte recuperação ao nível da facturação publicitária, o arranque de 2015 não foi muito auspicioso para a Media Capital.
Durante o primeiro trimestre, o grupo detentor da TVI e da Rádio Comercial facturou, em publicidade, 23,7 milhões de euros, mais 207 mil euros do que nos primeiros três meses de 2014, o que implica um acréscimo de apenas cerca de 1%. A televisão contribuiu com 19,8 milhões; a rádio com 3,2 e os restantes 745 mil euros aparecem inscritos na rubrica "Outros".

No total, a Media Capital registou rendimentos operacionais de 37,9 milhões de euros, uma diminuição de 5%. Para fazer face a esta quebra das receitas, o grupo cortou nas despesas correntes, que foram, no trimestre, de 34,1 milhões, menos 2,6 milhões (-7%). Uma diminuição para a qual contribuiu mais um corte ao nível das despesas com o pessoal (10,8 milhões contra 11,5 milhões entre Janeiro e Março de 2014).

O grupo fechou o primeiro trimestre de 2015 com um resultado positivo de 2,2 milhões de euros.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Futuro dos jornais passa pela net e não pelo papel




Não há volta a dar, o futuro dos jornais passa pela internet. Os jornalistas têm de pôr lado a ideia de que os jornais impressos vai permanecer por muito tempo uma boa parte do que fazem. “Isso acontecerá durante algum tempo, mas não vai durar”, garante Martin Baron, um profissional das notícias que durante toda a sua vida profissional trabalhou em jornais.
O actual editor executivo do Washington Post admite “desconforto para os que, como eu, cresceram nesta área”, mas a verdade é que “a transformação vai acontecer”, aliás, já está a acontecer, independentemente dos sentimentos que provoque nos jornalistas.

Daí que, se querem sobreviver, têm de se adaptar e rapidamente, pois já perderam demasiado tempo. A alternativa é “escolher falhar”.
Numa conferência proferida na Universidade da Califórnia, Martin Baron manifestou a convicção de que o papel dos jornalistas não está em risco, bem pelo contrário, ele continua a ser muito importante e extremamente necessário. Isto porque, ao longo dos últimos anos, vimos aumentar a capacidade dos governos de vasculharem a vida dos cidadãos e o poder dos ricos “crescer para além de todos os limites aceitáveis”. Em face desta realidade, continua a competir aos jornalistas investigar e denunciar situações de relevante interesse público, mesmo que isso implique riscos comerciais ou outros ainda mais graves.


O que muda no meio digital são os meios que os jornalistas têm à sua disposição para levar aos leitores os seus artigos e reportagens. Há que saber aproveitar isso, o que implica a contratação, por parte do Washington Post, por exemplo, de jornalistas que se sintam como peixe na água no meio digital. E, igualmente, de engenheiros informáticos que com eles trabalhem em conjunto para que possam aproveitar todas as ‘armas’ que têm à sua disposição e chegar ao maior número de pessoas. 

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segunda-feira, 13 de abril de 2015

Quanto vale o mercado publicitário português?




Apurar o valor que se investe em publicidade em Portugal é tarefa praticamente condenada ao fracasso. Seria necessário ter acesso aos dados de todos os investidores ou dos receptores desse investimento, o que é impossível.

Daí que se façam estudos parcelares, envolvendo, essencialmente, as empresas que mais investem. Outra técnica, utilizada por entidades como a Media Monitor, é fazer o apanhado dos anúncios nos diversos meios de comunicação, aplicar a tabela de publicidade oficial, fazer as contas e apresentar o valor obtido.

Os relatórios assim obtidos acabam por ser interessantes, sobretudo para se ter uma ideia sobre se o investimento publicitário está a aumentar ou a diminuir. Mas não nos dá informação real sobre os valores reais envolvidos, uma vez que os que apresentam são demasiado inflacionados por se basearem nos preços de tabela, sem ter em linha de conta os descontos que são feitos. Pegue-se neste, por exemplo, relativo à publicidade de apenas um trimestre, em que aparece um valor investido na ordem de mil milhões de euros, uma verba totalmente irrealista, como iremos ver mais à frente.

Para tentar chegar a um número mais real, optei por ir buscar dados aos relatórios e contas das principais empresas de comunicação social do país. Tendo em conta que a televisão é o meio que absorve a fatia maior da publicidade, fui verificar quais os valores que, por esta via, foram facturados pela SIC, TVI e RTP ao longo de um ano. Em relação às duas primeiras, os dados de 2014 já são públicos, pelo que não há problema. A RTP é que ainda não os publicou, pelo que optei por recorrer aos de 2013 e juntar-lhe um acréscimo de 5% (a TVI aumentou 11,6% e a SIC 7,2%). O quadro que obtemos é o seguinte:


Valor*
TVI   
96,1
SIC
94,6
RTP
19,5
Total
210,2
*milhões de euros


Tendo em conta que há canais por cabo que pertencem a outros grupos e que também têm publicidade, mas num volume bem mais reduzido, ao valor encontrado acrescento mais 10 por cento e chegamos à previsão de que, no total, o meio televisivo em Portugal vale à volta de 230 milhões de euros anuais em publicidade.

Agora, coloca-se outro problema. Como é que a partir daqui se pode chegar ao valor total, envolvendo todos os outros meios de comunicação? Consultando relatórios internacionais, verifico que os mais referenciados indicam que o bolo publicitário da televisão é de pouco mais de 40%. Para ter uma referência concreta, escolhi um estudo da Carat, o qual indica que, em 2014, a distribuição do bolo publicitário a nível global era o seguinte: Televisão: 42,7%; Digital: 21,7%; Jornais e revistas:21,2%; Outdoor: 7,1%; Rádio: 6,8% e Cinema: 0,5%. Com base nestas percentagens, e partindo do pressuposto que a televisão recebe cerca de 230 milhões em publicidade, chegamos à conclusão que o mercado publicitário em Portugal valerá quase 540 milhões de euros:


%
Valor*
TV
42,7
230
Digital
21,7
117
Jornais e revistas
21,2
114
Outdoor
7,1
38
Rádio
6,8
37
Cinema
0,5
3
Total

539
*milhões de euros


domingo, 12 de abril de 2015

Venda de jornais em queda no Reino Unido

Não é só em Portugal que os jornais têm cada vez menos leitores. Esta é uma tendência que se estende a muitos outros países. Um deles é o Reino Unido, onde, segundo esta notícia do The Guardian, em Março deste ano se venderam menos 600 mil jornais diários do que em Março de 2014. O número de exemplares vendidos passou de 7,6 para 7 milhões, o que representa uma queda de 7,6%.

Os principais prejudicados foram o Sun, o Daily Sport e o Daily Record, que perderam mais de 10% das vendas. O The Guardian teve uma queda quase da mesma ordem (9,5%), tendo sido adquirido diariamente por quase 175 mil pessoas.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Futebol com audiências brutais na internet





Os portugueses são loucos por futebol. São, provavelmente, o único povo do mundo que consegue manter nas bancas três jornais diários nacionais dedicados à modalidade. E com uma circulação de cerca de 100 mil exemplares!

Todos os fins-de-semana, apesar da crise, entre 70 e 130 mil pessoas vão aos estádios vibrar com os jogos da 1ª Liga. Muitos outros ficam em casa ou dão um salto ao café para seguir as partidas através da televisão.

Esta loucura pela bola leva a que no top 20 dos programas mais vistos de 2014 tenham ficado outros tantos jogos de futebol. As partidas envolvendo equipas portuguesas nas ligas europeias são dos conteúdos televisivos mais populares, pois garantem audiências que podem ultrapassar os 3 milhões de espectadores, como foi o caso da final da Liga Europa, que opôs o Benfica ao Sevilha e foi transmitido pela SIC.

Um número que pode subir um pouco, caso em campo esteja a selecção portuguesa, numa fase avançada de uma competição internacional, como o Mundial. Por exemplo, a partida contra os Estados Unidos ocupou mesmo o primeiro lugar desta lista.

A compra dos direitos de transmissão de jogos de uma competição internacional, no caso, a Liga dos Campeões, esteve, aliás, na origem da queda da anterior administração da RTP, presidida por Alberto da Ponte. Em causa estava uma verba muito elevada, na ordem dos 15 milhões de euros, que levantou grande polémica, com muitos críticos (e responsáveis governamentais) a defenderem que não compete à televisão pública, paga com o dinheiro de todos nós, andar a gastar uma autêntica fortuna para transmitir jogos de futebol. Uma acusação rebatida por Alberto da Ponte que garantia que o negócio até daria lucro à RTP. Alberto da Ponte acabou por sair, mas os jogos da polémica vão, na mesma, poder ser vistos na RTP.

A febre do futebol, naturalmente que se estende à internet, registando os sites que se dedicam ao assunto números brutais de visitas e page views.
A vedeta maior é o do jornal A Bola, que, obteve, em 2014, de acordo com os dados da Netscope, uma média mensal de mais de 38 milhões de visitas e 281 milhões de visualizações. Este site ocupou, de resto, ao longo do ano, o 2º lugar da lista, apenas atrás do portal Sapo.

Também a versão digital do jornal Record não se pode queixar de falta de interesse por parte dos internautas. Teve, em média, cerca de 22 milhões de visitantes mensais e 134 milhões de page views.

O site do Jogo contabilizou 8,8 milhões de visitas e 32 milhões de page views.
Se acrescentarmos a estes os dados dos sites Mais Futebol, Sapo Desporto e Relvado atingimos um total mensal de 79 milhões de vistas/mês e 490 milhões de page views. E de fora da contabilidade ficam, naturalmente, vários outros sites temáticos e as secções de desporto de sites generalistas.


TVI facturou mais 11% em publicidade


domingo, 22 de março de 2015

Internet dá quase 4 milhões de euros ao grupo Impresa





Os sites do grupo Impresa (proprietária de órgãos de comunicação como, entre outros, a SIC e o Expresso) renderam cerca de 3,8 milhões de euros em 2014. Uma parte dessa verba (771 mil euros) resultou de subscrições, ou seja, é dinheiro que as pessoas pagam para ter acesso a determinados conteúdos. 
Trata-se da adaptação ao meio digital do tradicional sistema de venda por assinatura de jornais e revistas de papel, cujas receitas têm vindo a cair ao longo dos últimos anos.
Segundo o último relatório e contas da empresa, na vertente digital a tendência tem sido contrária, ou seja, há cada vez mais pessoas a pagarem para acederem a conteúdos pagos na internet. Eram, no final do ano, mais de 24 mil, um crescimento de 42,8% em relação a 2013. O número de subscritores digitais já representa 20,5% do total de subscritores dos órgãos de comunicação da Impresa.

Uma das apostas mais fortes do grupo, a este nível, foi o lançamento do Expresso Diário, um jornal exclusivamente digital. A ele têm acesso os leitores da edição em papel do Expresso, através da utilização de um código disponibilizado na capa da revista, e os que subscrevam apenas a edição digital. Neste caso, pagam 4,90 euros no primeiro mês, após o que a assinatura passa para 9,9 euros mensais.
De acordo com o relatório anual da Impresa, no final do ano passado, o Expresso Diário tinha cerca de 17 mil subscritores.

Esta estratégia de apostar no serviço de subscrição, que se alarga a outros órgãos do grupo, como, por exemplo, a Visão, não teve reflexos negativos no número de visitantes e de page-views dos sites da Impresa, até porque quem não queira pagar continua a ter acesso a alguns conteúdos gratuitos.
Ao longo do ano, o tráfego dos sites da Impresa cresceu 7,1%. Em 2014, houve a remodelação dos sites da SIC e da SIC Notícias, tendo, neste último caso, daí resultado um acréscimo de 31% de visitantes únicos.
Visitantes que, cada vez mais, usam os smartphones e tablets para acederem aos sites, tendo chegado aos 25% do total, o dobro da percentagem registada em 2013.

Apesar do aumento da receita proveniente da net, ela ainda é bastante diminuta em relação à facturação total. Representa apenas 1,6% da verba obtida ao longo do ano passado.



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sexta-feira, 20 de março de 2015

Impresa, Media Capital e Cofina com aumento de 19 milhões em publicidade





As três principais empresas de comunicação social portuguesas facturaram 272 milhões de euros em publicidade em 2014, um aumento de praticamente 19 milhões (+7,4%) em comparação com o ano anterior. Este dado resulta da análise dos relatórios e contas de 2014 divulgados nos últimos dias pela Media Capital, Impresa e Cofina.

Essencialmente devido a este acréscimo, as três empresas viram os seus lucros passarem de cerca de 25 para mais de 33 milhões de euros, um acréscimo de 8,6 milhões (+34,8%).
Mas nem tudo foram rosas durante 2014. Apesar do aumento da publicidade, as receitas totais acabaram por ser inferiores às de 2013, tendo descido de 526,6 para 523,7 milhões (-0,6%).

No caso das televisões (SIC e TVI), isso ficou a dever-se, em boa medida, a um acordo que fez baixar as receitas provenientes das chamadas de valor acrescentado.
No que diz respeito às duas empresas que têm jornais e revistas (Cofina e Impresa), outra das razões para a quebra de receitas é o contínuo decréscimo das vendas em banca, uma situação que vem a agravar-se há longos anos.

Como as receitas são menores, o aumento dos lucros acabou por ser consequência da diminuição das despesas operacionais que foram na ordem dos 7,5 milhões de euros, passando de 450,5, em 2013, para praticamente 443 milhões, no ano passado. Mais de metade dessa poupança foi suportada pelos trabalhadores, uma vez que as despesas com o pessoal caíram cerca de 4 milhões de euros. A empresa que mais cortou a este nível (5 milhões) foi a Media Capital, enquanto que na Cofina a diminuição foi marginal (menos de um 1 milhão) e na Imprensa os custos com o pessoal até aumentaram mais de um milhão de euros.

A análise destes dados indica que o sector da comunicação social continua a viver dias difíceis. Mesmo o aumento das receitas de publicidade não é tranquilizador, uma vez que pode não se tratar de uma tendência sólida, mas ficar a dever-se ao acréscimo de investimento relacionado com o Mundial de Futebol, um evento que, como se sabe, apenas acontece de 4 em 4 anos.

As perspectivas de alguma recuperação económica no país abrem um optimismo moderado para 2015, mas é preciso colocar no outro prato da balança os efeitos negativos que resultam da falência do Banco Espírito Santo e das consequências que isso teve para a Portugal Telecom, duas das empresas portuguesas que mais investiam em publicidade.




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quinta-feira, 19 de março de 2015

Impresa tem 11 milhões de lucros



A Impresa conseguiu um lucro de 11 milhões de euros em 2014, o que representa um acréscimo de quase 67% relativamente a 2013. Desde 2007 que a dona da SIC e do Expresso não tinha resultados tão positivos. As receitas totais ascenderam a 237,8 milhões de euros (+ 0,3%), enquanto que os custos diminuíram 0,5% para 205,8%. A empresa baixou a sua dívida bancária para 176,4 milhões (-6,3%).

Estes bons resultados ficam a dever-se essencialmente à boa prestação financeira da televisão, onde conseguiu um aumento de receitas de 177,6 milhões, mais 4 milhões do que no ano anterior, um acréscimo de 2,3%. Facturou mais 6 milhões em publicidade (+7,2%) e 700 mil em subscrições dos canais pagos. No negativo ficou apenas a rúbrica “Outros” (-3 milhões de euros em relação a 2013), o que teve a ver com o acordo de regulação relativo às chamadas de valor acrescentado, que têm funcionado como um autêntico euromilhões para as televisões. Ainda assim, esta rúbrica registou 37,8 milhões de euros.

A vertente dos jornais e revistas é que não teve uma evolução positiva. A publicidade caiu 3% (de 27,9 para 27,1 milhões), a circulação (vendas) quase 6% (passou de 27,3 para 25,7 milhões), enquanto que as restantes receitas apenas totalizaram 5,9 milhões, quando somaram 7,8 no ano anterior. No total, os jornais e revistas renderam 58,7 milhões, uma quebra de 6,9%.

A tendência negativa no papel nos últimos anos levou a que a empresa tenha vindo a tentar alternativas no digital, uma aposta que, segundo o relatório e contas de 2014, começa a dar bons resultados. A facturação aumentou 42,8% e vale agora 3,7% das receitas de circulação totais.


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segunda-feira, 2 de março de 2015

Dona do Correio da Manhã aumenta os lucros


A Cofina - empresa proprietária de jornais como o Correio da Manhã e o Record, entre outros - aumentou as receitas de publicidade e os lucros em 2014. 

A publicidade passou de 34,8 para 36,7 milhões de euros, o que significa um crescimento de 5,4%. Um bom resultado que, no entanto, ficou essencialmente a dever-se ao acréscimo registado no Verão, devido ao Mundial de Futebol, conforme se pode ler na informação enviada pela empresa à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). 

Os lucros passaram de 4,6 milhões, em 2013, para quase 6,2 em 2014, o que representa um crescimento de 31,9%.


Mas nem tudo foi positivo, uma vez que as receitas provenientes da circulação (vendas) caiu 3,8%, o que significa que continua a tendência de quebra de vendas de jornais e revistas que se verifica já há vários anos.

A Cofina continua a não discriminar os resultados financeiros da sua televisão, a CMTV, lançada há quase dois anos. O grupo opta por englobar as suas receitas e despesas na contabilidade relativa ao sub-sector dos jornais. Apenas refere, nesta comunicação, que a televisão "teve um impacto negativo inferior a 1 milhão de euros".

Este é o segundo grupo de comunicação social a divulgar publicamente os seus resultados de 2014, depois da Media Capital ter, há dias, apresentado aumentos de 11% na publicidade e de 20% nos lucros


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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

TVI facturou mais 11 por cento em publicidade

A TVI facturou, no ano passado, 114,1 milhões de euros em publicidade, o que equivale a um aumento de 11 por cento em relação a 2013. Também na vertente da rádio, o ano foi muito positivo para o grupo dono desta televisão, a Media Capital, uma vez que conseguiu arrecadar mais 9%, tendo chegado a um total de 14,7 milhões de euros.

De acordo com o relatório e contas da empresa de 2014, a Media Capital obteve receitas que totalizaram 147,2 milhões de euros (+1%), tendo o lucro chegado aos 16,4 milhões de euros (+20%).


Para estes resultados positivos muito contribuiu o facto dos seus principais canais terem sido líderes de audiências. A TVI conquistou uma quota de audiência de 23,5%, sendo líder pelo 10º ano consecutivo. Também na rádio, o grupo conseguiu o 1º lugar no pódio, através da Comercial, com um share de 22,7%.


O ano terá ficado marcado por mais uma redução do número de trabalhadores. Embora não se refira no documento o número de funcionários que a Media Capital tem, na rubrica relativa aos gastos com o pessoal pode constatar-se que houve uma redução de 4,6 milhões de euros, o que faz supor que o grupo diminuiu de forma relevante a sua força de trabalho. Esta é uma tendência que já vem desde há cerca de sete anos. Entre 2007 e 2013, a Media Capital havia eliminado 125 trabalhadores da sua folha de pagamentos, poupando com isso quase três milhões de euros. Ao longo deste período, os quatro maiores grupos de comunicação do país prescindiram dos serviços de 1032 profissionais e gastaram menos 46 milhões com o seu pessoal.

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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Porta dos Fundos quer transformar-se numa multinacional do riso


Um dia depois de ter sido colocado no YouTube o vídeo da Porta dos Fundos dedicado ao Carnaval já tinha 920 mil visualizações. Nada de extraordinário no mundo do mais popular grupo de comediantes brasileiros. O vídeo anterior, ‘Tamanho’, com apenas três dias de vida, já contabilizava 1,8 milhões espreitadelas. Se as coisas correrem de feição, pode acontecer que cheguem aos 18,2 milhões de visualizações, o máximo conseguido, até agora, por um vídeo da Porta dos Fundos. O seu canal conta com 9,6 milhões de subscritores, e, no total, os 330 vídeos colocados até 15 de Fevereiro totalizavam quase 1,5 mil milhões de visualizações!

Estes são alguns dados que revelam bem a popularidade da Porta dos Fundos no YouTube, a qual fez despertar o interesse da televisão, através do canal FOX, que lhe deu antena para uma série semanal, primeiro, no Brasil, e agora também em Portugal. Nesta primeira fase, os conteúdos são repescados dos vídeos produzidos para o YouTube, mas a segunda temporada já terá material original.

O que é irónico, uma vez que a Porta dos Fundos nasceu por os seus fundadores serem muito críticos do humor que se faz na televisão e se queixarem de falta de liberdade criativa por parte dos big bosses do pequeno écran. Daí terem, em 2012, lançado o seu canal no YouTube, com rábulas de pouco mais de um minuto, recheadas de um humor corrosivo, absurdo e utilizando o tipo de linguagem que o brasileiro comum usa no dia-a-dia e onde não faltam os palavrões. Outro dos trunfos é a produção altamente profissional dos sketches, feita com uma qualidade técnica pouco habitual no YouTube e muito mais aproximada do que se faz na televisão.



Vídeos populares e polémicos

O sucesso foi rápido e avassalador, levando a que o canal da Porta dos Fundos esteja em 23º lugar nalista dos mais populares do YouTube, a nível mundial 

Mas nem tudo tem sido fácil e pacífico no seu percurso. A comunidade policial do Brasil não apreciou o vídeo ‘Dura’, em que os humoristas fazem uma crítica à forma como muitas vezes os polícias abordam os cidadãos. Aqui, vira-se o feitiço contra o feiticeiro e são dois civis que, sem motivo, abordam, revistam e maltratam polícias. A rábula valeu ameaças a Fábio Porchat e companhia.

Outro vídeo que deu que falar foi este, produzido em plena campanha eleitoral brasileira. Nele, um candidato a deputado faz um refém e chantageia o eleitorado, anunciando que só o liberta se for eleito. Mas a frase da polémica surge no fim, ao exigir, também, o voto em Anthony Garotinho (um político muito polémico) na corrida para governador. O vídeo acabou por ser retirado por ordem do Tribunal, que entendeu ser uma tentativa não legítima de influenciar a votação. Mas voltou ao YouTube assim que Garotinho foi derrotado logo na primeira volta. O mesmo percurso aconteceu com o vídeo ‘Zona Eleitoral’.

À conquista do mundo

A Porta dos Fundos foi fundada por Fábio Porchat, António Pedro Tabet, Gregório Duvivier, Ian SBT e João Vicente de Castro. Uma equipa que foi crescendo e que, nesta altura, é constituída por cerca de quatro dezenas de pessoas.

Um dos últimos reforços de peso é a produtora argentina Juliana Algañaraz, responsável pela Endemol Brasil e que, em meados do ano passado, foi contratada para CEO da Porta dos Fundos. Essa contratação marcou o arranque de uma nova fase no percurso do grupo, com o objectivo de rentabilizar a sério a fama conseguida, através de uma gestão profissional, apesar de, nesta altura, e segundo este artigo da Exame brasileira, já facturar cerca de 30 milhões de reais anuais (9,2 milhões de euros). O primeiro passo da estratégia de diversificação foi a entrada na televisão, mas não vai ficar por aí. A Porta vai atacar também o mundo do cinema, com dois filmes por ano, investir ainda mais na televisão e no merchandising e gerir as carreiras de todos os seus humoristas.

Mas a base deste colectivo criativo vai continuar a ser o YouTube, onde pretende lançar mais canais e rentabilizá-los melhor, sobretudo, através de contratos comerciais com empresas que paguem para que os seus produtos sejam mostrados nos vídeos para uma audiência de milhões de pessoas que falem o idioma português, mas nem só, pois alguns dos sketches já têm legendas em inglês, com o óbvio objectivo de chegar a um auditório ainda maior. Na prática, a Porta dos Fundos parece querer transformar-se numa autêntica multinacional do riso.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Televisão continua a mandar no negócio da publicidade



Não é só em Portugal que os jornais e revistas atravessam uma crise sem fim à vista, com contínua perda de leitores e de publicidade. Este é um cenário global. De ano para ano aumentam as dificuldades da imprensa escrita, que tem sido o meio de comunicação mais afectado pela crise económica e pela ascensão das novas tecnologias.
Só para se ter uma ideia da queda brutal que tem tido, nos Estados Unidos, por exemplo, a facturação publicitária da imprensa baixou de 63,5 mil milhões de dólares em 2000 para 23 mil milhões em 2013 e voltou aos níveis de... 1950.
Com maior ou menor dimensão, esta é uma tendência que se repete em muitos outros países.
De acordo com o relatório “Digital Media Trendbook”, citando dados da Zenith Optimedia, a nível mundial, a fatia do bolo publicitário que, em 2013, cabia a jornais e revistas era de 24,8%, prevendo-se que ela baixe para 20,1% em 2016.

Apesar dos seus melhores tempos, a este nível, também já terem ficado pelo caminho, a televisão tem-se aguentado melhor. Continua a ser o meio de comunicação que ainda obtém o maior volume de investimento publicitário, uma situação que deverá manter-se nos tempos mais próximos. Prevê-se que em 2016 tenha uma queda muito ligeira, de menos de um ponto percentual, em comparação com 2013, passando de 40,1% para 39,2%.

A rádio continuará em queda, prevendo-se que a sua quota de mercado baixe de 6,9% para 6,3%. O outdoor mantém-se estável (7% para 6,8%), o mesmo acontecendo com o cinema (0,5% para 0,6%).

Internet em crescimento acelerado

A crescer está a internet que, segundo este estudo, deverá passar de 20,8% para 27,1%. Uma tendência de subida que é para continuar nos anos seguintes, devendo atingir em 2018 o volume de publicidade da televisão.
A maior contribuição vai ser dada pelos dispositivos móveis, em especial, os smartphones e tablets que se prevê venham a passar de uma quota de mercado de 2,7% em 2013 para 7,6% em 2016.
Uma tendência, no essencial, confirmada por dados de um estudo relativo ao mercado norte-americano, levado a cabo pela PricewaterhouseCoopers (PwC) para o Interactive Advertising Bureau (IAB). Até Setembro do ano passado, o volume de publicidade investido no online naquele país aumentou 15%. Relativamente ao primeiro semestre do ano, verifica-se que a fatia dos dispositivos móveis registou um acréscimo de 76%.

Este ano a previsão da consultora Magna Global é que, a nível mundial, o investimento publicitário no digital aumente cerca de 15% e atinja 163 milhões de dólares, o que significará uma parcela de 30% de todo o bolo publicitária (Magna Global).

São boas notícias para quem está ou quer avançar com um projecto na net sustentado na publicidade. Só que atreladas às boas vêm as más notícias. Também na internet se verifica o fenómeno da concentração, com as empresas mais poderosas a ficarem com a parte de leão das receitas. A eMarketer estima que só o Google, o Facebook e o Yahoo fiquem com quase 62% de todas as receitas publicitárias nos EUA, um cenário que não deve ser muito diferente do que se vive a nível geral. O estudo da PwC indica que mercado norte-americano as 10 maiores empresas do sector comam 71% do bolo publicitário.


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domingo, 11 de janeiro de 2015

Investimento nos podcasts pode chegar aos 100 milhões em 2015




2014 foi um ano de ouro para os podcasts (programas de rádio produzidos e distribuídos na NET). Em boa medida, isso é consequência do enorme sucesso de "Serial", uma investigação jornalística sobre um homicídio, apresentado em 12 episódios.
Mas não só. "StartUpPodcast" foi outro projecto de sucesso que pode ter feito com que os investidores de risco comecem a apostar a sério neste formato. Destaque ainda para "99%Invisible" que, através do sistema de crowdfunding, pediu aos seus ouvintes 250 mil dólares e acabou por conseguir mais de 600 mil, o que beneficiará não só aquele como seis outros programas reunidos no projecto Radiotopia.

Foi há cerca de uma década que se começou a ouvir falar em podcasts. O percurso, ao longo destes anos, não foi fácil, houve avanços e recuos, mas deu um enorme salto em frente nos últimos anos, tirando partido da popularização dos smartphones, que tornam bem mais simples e prático descarregar e ouvir podcasts.

Uma das vantagens desta forma de comunicação é poder ser consumida enquanto os ouvintes realizam outras tarefas, não necessitando de uma atenção exclusiva da sua parte.



Carros ligados à net vão aumentar o número de ouvintes
Os Estados Unidos são o país onde os podcasts têm maior popularidade. Um estudo da Edison Research indica que há cerca de 39 milhões de pessoas que ouvem, pelo menos, um podcast por mês. Outro dado interessante é que 20% dos ouvintes consomem seis ou mais programas por semana.

Em todo o mundo, de acordo com este artigo do Washington Post, haverá cerca de 75 milhões de ouvintes de podcasts e a tendência é de aumento.
Isso ficará a dever-se ao facto de haver cada vez mais gente com smartphone nas mãos e por muitos dos carros que saem das fábricas terem ligação à internet, uma situação que se vai banalizar e tornar norma nos próximos anos. Tendo em conta que é dentro de carros que mais se consome rádio, se passar a ser tão fácil ouvir sons através da internet como sintonizar uma frequência terrestre, isso aumentará significativamente o consumo de podcasts.

Daí que não seja de estranhar que já haja quem esteja a posicionar-se para tirar o máximo partido possível desta evolução.
Por exemplo, Alex Bloomberg, do "StartUp Podcast", pretendia que sua recém-constituída empresa, “Gimlet Media”, lançasse três programas até ao final do ano, mas ao deparar-se com o potencial de crescimento do mercado, já decidiu antecipar o lançamento de outros podcasts.

A revista "Slate" tem, na sua versão digital, vindo a apostar nesta área, uma aposta que pretende reforçar. Conta com cerca de duas dezenas de programas que têm cerca de seis milhões de downloads mensais, segundo o seu editor, Andy Bowers, e a palavra de ordem é aumentar a oferta ao longo deste ano.
Mas o maior player do sector é a empresa "PodcastOne" que já disponibiliza 200 programas, com 120 milhões de downloads/mês, e tem em carteira outros 200 projectos.


Atrair as grandes empresas para o sector
Portanto, há ouvintes para sustentar a indústria, mas haverá também dinheiro? Parece que sim.
Nos Estados Unidos, há a tradição de serem os próprios radialistas a darem voz à publicidade, de uma forma que quase se confunde com o programa. Isso agrada às empresas, pois entendem que esta forma de passar a mensagem é bem mais eficaz do que o tradicional anúncio super-produzido, que as pessoas se habituaram a ignorar. Daí que estejam dispostos a pagar mais para que a menção à sua empresa mais do que anúncio pareça ser a sugestão de um amigo (o radialista) no qual os ouvintes acreditam e confiam.

É quase impossível dizer com rigor qual o total da verba envolvida mas há alguns dados parcelares que são significativos.
Num dos episódios de "StartUp Podcast" ficámos a saber que a empresa patrocinadora pagava seis mil dólares por programa.
A Mail Chimps, uma das empresas que mais apostam em podcasts, terá pago entre 25 e 40 dólares por cada mil downloads de "Serial". Tendo em conta que terão sido feitos entre 25 a 30 milhões de downloads - e embora alguns dos primeiros episódios não tenham contado com anúncios - estamos a falar de verbas significativas. E aos valores da publicidade, há a acrescentar o financiamento obtido junto dos seus ouvintes.

Este investimento parece ter um retorno interessante para as empresas. Um inquérito levado a cabo pela empresa "Midroll" junto de 300 mil ouvintes indica que 63% comparam pelo menos um produto ou serviço promovido num dos podcasts que ouviram. Esta empresa conta facturar um milhão de dólares anuais com quatro dos seus podcasts mais populares.
Norm Pattiz, o big-boss do "PodcastOne", estima que o sector vá gerar cerca de 100 milhões de dólares este ano. A sua estratégia é apresentar uma enorme oferta de podcasts, de forma a atrair o interesse das grandes empresas, que ainda pensam não ter o sector peso e dimensão suficientes para nele investirem.

Portugal está out
Em Portugal esta vertente de comunicação é quase inexistente, não seguindo, nem de perto nem de longe, a febre que se vive lá por fora, em especial nos Estados Unidos ou mesmo na Grã-Bretanha, através da BBC, que tem uma variada oferta de podcasts.
Isso por ter a ver com a pobreza do mercado publicitário nacional, mas também com a aparente falta de interesse dos potenciais consumidores, à qual não deve ser alheia a falta de investimento das rádios em programas de autor. Mas mesmo que haja algum interesse da parte dos portugueses em experimentarem ouvir podcasts na sua língua, têm uma tarefa complicada pela frente. Isto porque se revela difícil ou mesmo impossível, nalguns casos, descarregar para um smartphone programas deste género dos sites das principais rádios nacionais.