quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Principais grupos do sector perdem mais de mil trabalhadores em seis anos




Entre 2008 e 2013 só em quatro dos principais grupos de comunicação social portugueses (Media Capital, Impresa, Cofina e RTP) registou-se uma diminuição de mais de mil trabalhadores. Esta foi uma das formas de poupança que as respectivas administrações encontraram para fazer face aos cerca de 200 milhões de euros que perderam ao longo desse período, fruto da quebra de publicidade.
No final de 2007, havia um total de 6.070 trabalhadores nestes grupos, enquanto que a fechar 2013 apenas se contabilizavam 5.038, o que significa que se perderam 1.032 postos de trabalho.

O grupo RTP, que era o que tinha - e tem – mais gente na sua folha de salários, foi quem mais dispensou (541). Este foi um processo que teve forte incremento a partir de 2011, pois até aí o número mantinha-se relativamente estável, entre os 2.300 e os 2.400. No final de 2013, o grupo público já só contava com 1.818 pessoas no seu quadro de pessoal e a ordem é para cortar ainda mais.
A Impresa, de Pinto Balsemão, despediu menos, em termos absolutos, mas percentualmente a diminuição do número de trabalhadores anda perto da verificada na RTP (uma quebra superior a 20 por cento).
A Media Capital dispensou 125 trabalhadores e a Cofina, apesar de ter lançado, em Março de 2013, o canal televisivo CMTV, também reduziu o número de trabalhadores (neste caso, em 52). O grupo recorre aos jornalistas que escrevem para os seus jornais e revistas, nas delegações que tem espalhadas pelo país, para também fazerem peças para a televisão.
No total, perderam-se 17% dos postos de trabalho que existiam naqueles grupos antes da crise de 2008 estalar.


NÚMERO DE TRABALHADORES

2007
2013
Saldo
%
IMPRESA
1.448
1.134
-314
-21.7
MEDIA CAPITAL
1.328
1.203
-125
-9.4
RTP
2.359
1.818
-541
-22.9
COFINA
935
883
-52
-5.6

6,070
5,038
-1,032
-17.0


Poupança de 46 milhões de euros

O objectivo do corte do número de trabalhadores foi, naturalmente, a poupança de dinheiro. Muito dinheiro. No total, no final do período analisado, estes quatro grupos gastavam menos 46 milhões de euros anuais com o seu pessoal. Tendo em conta que a quebra de publicidade, entre o final de 2007 e de 2013 foi de 200 milhões, isso significa que, na prática, os trabalhadores pagaram cerca de 23 por cento da factura.
DESPESAS COM O PESSOAL



2007
2013
Saldo
        %
IMPRESA
61,111,966
52,385,372
-8,726,594
-14.3
MEDIA CAPITAL
53,461,302
50,498,301
-2,963,001
-5.5
RTP
109,932,146
80,725,709
-29,206,437
-26.6
COFINA
37,812,018
32,373,541
-5,438,477
-14.4

262,317,432
215,982,923
-46,334,509
-17.7


Mais 140 para o desemprego

Tal como referi no primeiro artigo sobre a evolução do sector entre 2008 e 2013, os dados são obtidos através da análise dos relatórios e contas de quatro empresas: Cofina, Media Capital, RTP e Impresa. Isso significa que não reflectem toda a realidade vivida na área da comunicação social.
Mas, tendo em conta que o panorama recessivo foi geral e que a tendência genética dos gestores e administradores é cortar no pessoal quando o dinheiro começa a escassear, o número de trabalhadores do sector dispensados ou despedidos terá sido bem superior ao que aqui refiro.
Ao longo deste período foram surgindo notícias relativas a outros grupos e órgãos de comunicação social, nomeadamente, a Controlinvest, o Público e a Impala. Consultando os comunicados que, sobre o assunto, o Sindicato dos Jornalistas foi fazendo, contabilizámos referências a mais cerca de quatro centenas de despedimentos. E isto apenas nos grupos nacionais, não sendo possível apurar os dados relativos à imprensa e rádios locais e regionais.
Já este ano, o número de pessoas sem emprego aumentou em, pelo menos, 140, devido a um despedimento colectivo na Controlinvest, uma das primeiras medidas tomadas pela nova administração.

(Jorge Eusébio)



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Crise económica roubou 
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