quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

TVI facturou mais 11 por cento em publicidade

A TVI facturou, no ano passado, 114,1 milhões de euros em publicidade, o que equivale a um aumento de 11 por cento em relação a 2013. Também na vertente da rádio, o ano foi muito positivo para o grupo dono desta televisão, a Media Capital, uma vez que conseguiu arrecadar mais 9%, tendo chegado a um total de 14,7 milhões de euros.

De acordo com o relatório e contas da empresa de 2014, a Media Capital obteve receitas que totalizaram 147,2 milhões de euros (+1%), tendo o lucro chegado aos 16,4 milhões de euros (+20%).


Para estes resultados positivos muito contribuiu o facto dos seus principais canais terem sido líderes de audiências. A TVI conquistou uma quota de audiência de 23,5%, sendo líder pelo 10º ano consecutivo. Também na rádio, o grupo conseguiu o 1º lugar no pódio, através da Comercial, com um share de 22,7%.


O ano terá ficado marcado por mais uma redução do número de trabalhadores. Embora não se refira no documento o número de funcionários que a Media Capital tem, na rubrica relativa aos gastos com o pessoal pode constatar-se que houve uma redução de 4,6 milhões de euros, o que faz supor que o grupo diminuiu de forma relevante a sua força de trabalho. Esta é uma tendência que já vem desde há cerca de sete anos. Entre 2007 e 2013, a Media Capital havia eliminado 125 trabalhadores da sua folha de pagamentos, poupando com isso quase três milhões de euros. Ao longo deste período, os quatro maiores grupos de comunicação do país prescindiram dos serviços de 1032 profissionais e gastaram menos 46 milhões com o seu pessoal.

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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Porta dos Fundos quer transformar-se numa multinacional do riso


Um dia depois de ter sido colocado no YouTube o vídeo da Porta dos Fundos dedicado ao Carnaval já tinha 920 mil visualizações. Nada de extraordinário no mundo do mais popular grupo de comediantes brasileiros. O vídeo anterior, ‘Tamanho’, com apenas três dias de vida, já contabilizava 1,8 milhões espreitadelas. Se as coisas correrem de feição, pode acontecer que cheguem aos 18,2 milhões de visualizações, o máximo conseguido, até agora, por um vídeo da Porta dos Fundos. O seu canal conta com 9,6 milhões de subscritores, e, no total, os 330 vídeos colocados até 15 de Fevereiro totalizavam quase 1,5 mil milhões de visualizações!

Estes são alguns dados que revelam bem a popularidade da Porta dos Fundos no YouTube, a qual fez despertar o interesse da televisão, através do canal FOX, que lhe deu antena para uma série semanal, primeiro, no Brasil, e agora também em Portugal. Nesta primeira fase, os conteúdos são repescados dos vídeos produzidos para o YouTube, mas a segunda temporada já terá material original.

O que é irónico, uma vez que a Porta dos Fundos nasceu por os seus fundadores serem muito críticos do humor que se faz na televisão e se queixarem de falta de liberdade criativa por parte dos big bosses do pequeno écran. Daí terem, em 2012, lançado o seu canal no YouTube, com rábulas de pouco mais de um minuto, recheadas de um humor corrosivo, absurdo e utilizando o tipo de linguagem que o brasileiro comum usa no dia-a-dia e onde não faltam os palavrões. Outro dos trunfos é a produção altamente profissional dos sketches, feita com uma qualidade técnica pouco habitual no YouTube e muito mais aproximada do que se faz na televisão.



Vídeos populares e polémicos

O sucesso foi rápido e avassalador, levando a que o canal da Porta dos Fundos esteja em 23º lugar nalista dos mais populares do YouTube, a nível mundial 

Mas nem tudo tem sido fácil e pacífico no seu percurso. A comunidade policial do Brasil não apreciou o vídeo ‘Dura’, em que os humoristas fazem uma crítica à forma como muitas vezes os polícias abordam os cidadãos. Aqui, vira-se o feitiço contra o feiticeiro e são dois civis que, sem motivo, abordam, revistam e maltratam polícias. A rábula valeu ameaças a Fábio Porchat e companhia.

Outro vídeo que deu que falar foi este, produzido em plena campanha eleitoral brasileira. Nele, um candidato a deputado faz um refém e chantageia o eleitorado, anunciando que só o liberta se for eleito. Mas a frase da polémica surge no fim, ao exigir, também, o voto em Anthony Garotinho (um político muito polémico) na corrida para governador. O vídeo acabou por ser retirado por ordem do Tribunal, que entendeu ser uma tentativa não legítima de influenciar a votação. Mas voltou ao YouTube assim que Garotinho foi derrotado logo na primeira volta. O mesmo percurso aconteceu com o vídeo ‘Zona Eleitoral’.

À conquista do mundo

A Porta dos Fundos foi fundada por Fábio Porchat, António Pedro Tabet, Gregório Duvivier, Ian SBT e João Vicente de Castro. Uma equipa que foi crescendo e que, nesta altura, é constituída por cerca de quatro dezenas de pessoas.

Um dos últimos reforços de peso é a produtora argentina Juliana Algañaraz, responsável pela Endemol Brasil e que, em meados do ano passado, foi contratada para CEO da Porta dos Fundos. Essa contratação marcou o arranque de uma nova fase no percurso do grupo, com o objectivo de rentabilizar a sério a fama conseguida, através de uma gestão profissional, apesar de, nesta altura, e segundo este artigo da Exame brasileira, já facturar cerca de 30 milhões de reais anuais (9,2 milhões de euros). O primeiro passo da estratégia de diversificação foi a entrada na televisão, mas não vai ficar por aí. A Porta vai atacar também o mundo do cinema, com dois filmes por ano, investir ainda mais na televisão e no merchandising e gerir as carreiras de todos os seus humoristas.

Mas a base deste colectivo criativo vai continuar a ser o YouTube, onde pretende lançar mais canais e rentabilizá-los melhor, sobretudo, através de contratos comerciais com empresas que paguem para que os seus produtos sejam mostrados nos vídeos para uma audiência de milhões de pessoas que falem o idioma português, mas nem só, pois alguns dos sketches já têm legendas em inglês, com o óbvio objectivo de chegar a um auditório ainda maior. Na prática, a Porta dos Fundos parece querer transformar-se numa autêntica multinacional do riso.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Televisão continua a mandar no negócio da publicidade



Não é só em Portugal que os jornais e revistas atravessam uma crise sem fim à vista, com contínua perda de leitores e de publicidade. Este é um cenário global. De ano para ano aumentam as dificuldades da imprensa escrita, que tem sido o meio de comunicação mais afectado pela crise económica e pela ascensão das novas tecnologias.
Só para se ter uma ideia da queda brutal que tem tido, nos Estados Unidos, por exemplo, a facturação publicitária da imprensa baixou de 63,5 mil milhões de dólares em 2000 para 23 mil milhões em 2013 e voltou aos níveis de... 1950.
Com maior ou menor dimensão, esta é uma tendência que se repete em muitos outros países.
De acordo com o relatório “Digital Media Trendbook”, citando dados da Zenith Optimedia, a nível mundial, a fatia do bolo publicitário que, em 2013, cabia a jornais e revistas era de 24,8%, prevendo-se que ela baixe para 20,1% em 2016.

Apesar dos seus melhores tempos, a este nível, também já terem ficado pelo caminho, a televisão tem-se aguentado melhor. Continua a ser o meio de comunicação que ainda obtém o maior volume de investimento publicitário, uma situação que deverá manter-se nos tempos mais próximos. Prevê-se que em 2016 tenha uma queda muito ligeira, de menos de um ponto percentual, em comparação com 2013, passando de 40,1% para 39,2%.

A rádio continuará em queda, prevendo-se que a sua quota de mercado baixe de 6,9% para 6,3%. O outdoor mantém-se estável (7% para 6,8%), o mesmo acontecendo com o cinema (0,5% para 0,6%).

Internet em crescimento acelerado

A crescer está a internet que, segundo este estudo, deverá passar de 20,8% para 27,1%. Uma tendência de subida que é para continuar nos anos seguintes, devendo atingir em 2018 o volume de publicidade da televisão.
A maior contribuição vai ser dada pelos dispositivos móveis, em especial, os smartphones e tablets que se prevê venham a passar de uma quota de mercado de 2,7% em 2013 para 7,6% em 2016.
Uma tendência, no essencial, confirmada por dados de um estudo relativo ao mercado norte-americano, levado a cabo pela PricewaterhouseCoopers (PwC) para o Interactive Advertising Bureau (IAB). Até Setembro do ano passado, o volume de publicidade investido no online naquele país aumentou 15%. Relativamente ao primeiro semestre do ano, verifica-se que a fatia dos dispositivos móveis registou um acréscimo de 76%.

Este ano a previsão da consultora Magna Global é que, a nível mundial, o investimento publicitário no digital aumente cerca de 15% e atinja 163 milhões de dólares, o que significará uma parcela de 30% de todo o bolo publicitária (Magna Global).

São boas notícias para quem está ou quer avançar com um projecto na net sustentado na publicidade. Só que atreladas às boas vêm as más notícias. Também na internet se verifica o fenómeno da concentração, com as empresas mais poderosas a ficarem com a parte de leão das receitas. A eMarketer estima que só o Google, o Facebook e o Yahoo fiquem com quase 62% de todas as receitas publicitárias nos EUA, um cenário que não deve ser muito diferente do que se vive a nível geral. O estudo da PwC indica que mercado norte-americano as 10 maiores empresas do sector comam 71% do bolo publicitário.


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