segunda-feira, 20 de abril de 2015

Arranque do ano morno para a Media Capital



Depois de, no ano passado, ter registado uma forte recuperação ao nível da facturação publicitária, o arranque de 2015 não foi muito auspicioso para a Media Capital.
Durante o primeiro trimestre, o grupo detentor da TVI e da Rádio Comercial facturou, em publicidade, 23,7 milhões de euros, mais 207 mil euros do que nos primeiros três meses de 2014, o que implica um acréscimo de apenas cerca de 1%. A televisão contribuiu com 19,8 milhões; a rádio com 3,2 e os restantes 745 mil euros aparecem inscritos na rubrica "Outros".

No total, a Media Capital registou rendimentos operacionais de 37,9 milhões de euros, uma diminuição de 5%. Para fazer face a esta quebra das receitas, o grupo cortou nas despesas correntes, que foram, no trimestre, de 34,1 milhões, menos 2,6 milhões (-7%). Uma diminuição para a qual contribuiu mais um corte ao nível das despesas com o pessoal (10,8 milhões contra 11,5 milhões entre Janeiro e Março de 2014).

O grupo fechou o primeiro trimestre de 2015 com um resultado positivo de 2,2 milhões de euros.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Futuro dos jornais passa pela net e não pelo papel




Não há volta a dar, o futuro dos jornais passa pela internet. Os jornalistas têm de pôr lado a ideia de que os jornais impressos vai permanecer por muito tempo uma boa parte do que fazem. “Isso acontecerá durante algum tempo, mas não vai durar”, garante Martin Baron, um profissional das notícias que durante toda a sua vida profissional trabalhou em jornais.
O actual editor executivo do Washington Post admite “desconforto para os que, como eu, cresceram nesta área”, mas a verdade é que “a transformação vai acontecer”, aliás, já está a acontecer, independentemente dos sentimentos que provoque nos jornalistas.

Daí que, se querem sobreviver, têm de se adaptar e rapidamente, pois já perderam demasiado tempo. A alternativa é “escolher falhar”.
Numa conferência proferida na Universidade da Califórnia, Martin Baron manifestou a convicção de que o papel dos jornalistas não está em risco, bem pelo contrário, ele continua a ser muito importante e extremamente necessário. Isto porque, ao longo dos últimos anos, vimos aumentar a capacidade dos governos de vasculharem a vida dos cidadãos e o poder dos ricos “crescer para além de todos os limites aceitáveis”. Em face desta realidade, continua a competir aos jornalistas investigar e denunciar situações de relevante interesse público, mesmo que isso implique riscos comerciais ou outros ainda mais graves.


O que muda no meio digital são os meios que os jornalistas têm à sua disposição para levar aos leitores os seus artigos e reportagens. Há que saber aproveitar isso, o que implica a contratação, por parte do Washington Post, por exemplo, de jornalistas que se sintam como peixe na água no meio digital. E, igualmente, de engenheiros informáticos que com eles trabalhem em conjunto para que possam aproveitar todas as ‘armas’ que têm à sua disposição e chegar ao maior número de pessoas. 

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segunda-feira, 13 de abril de 2015

Quanto vale o mercado publicitário português?




Apurar o valor que se investe em publicidade em Portugal é tarefa praticamente condenada ao fracasso. Seria necessário ter acesso aos dados de todos os investidores ou dos receptores desse investimento, o que é impossível.

Daí que se façam estudos parcelares, envolvendo, essencialmente, as empresas que mais investem. Outra técnica, utilizada por entidades como a Media Monitor, é fazer o apanhado dos anúncios nos diversos meios de comunicação, aplicar a tabela de publicidade oficial, fazer as contas e apresentar o valor obtido.

Os relatórios assim obtidos acabam por ser interessantes, sobretudo para se ter uma ideia sobre se o investimento publicitário está a aumentar ou a diminuir. Mas não nos dá informação real sobre os valores reais envolvidos, uma vez que os que apresentam são demasiado inflacionados por se basearem nos preços de tabela, sem ter em linha de conta os descontos que são feitos. Pegue-se neste, por exemplo, relativo à publicidade de apenas um trimestre, em que aparece um valor investido na ordem de mil milhões de euros, uma verba totalmente irrealista, como iremos ver mais à frente.

Para tentar chegar a um número mais real, optei por ir buscar dados aos relatórios e contas das principais empresas de comunicação social do país. Tendo em conta que a televisão é o meio que absorve a fatia maior da publicidade, fui verificar quais os valores que, por esta via, foram facturados pela SIC, TVI e RTP ao longo de um ano. Em relação às duas primeiras, os dados de 2014 já são públicos, pelo que não há problema. A RTP é que ainda não os publicou, pelo que optei por recorrer aos de 2013 e juntar-lhe um acréscimo de 5% (a TVI aumentou 11,6% e a SIC 7,2%). O quadro que obtemos é o seguinte:


Valor*
TVI   
96,1
SIC
94,6
RTP
19,5
Total
210,2
*milhões de euros


Tendo em conta que há canais por cabo que pertencem a outros grupos e que também têm publicidade, mas num volume bem mais reduzido, ao valor encontrado acrescento mais 10 por cento e chegamos à previsão de que, no total, o meio televisivo em Portugal vale à volta de 230 milhões de euros anuais em publicidade.

Agora, coloca-se outro problema. Como é que a partir daqui se pode chegar ao valor total, envolvendo todos os outros meios de comunicação? Consultando relatórios internacionais, verifico que os mais referenciados indicam que o bolo publicitário da televisão é de pouco mais de 40%. Para ter uma referência concreta, escolhi um estudo da Carat, o qual indica que, em 2014, a distribuição do bolo publicitário a nível global era o seguinte: Televisão: 42,7%; Digital: 21,7%; Jornais e revistas:21,2%; Outdoor: 7,1%; Rádio: 6,8% e Cinema: 0,5%. Com base nestas percentagens, e partindo do pressuposto que a televisão recebe cerca de 230 milhões em publicidade, chegamos à conclusão que o mercado publicitário em Portugal valerá quase 540 milhões de euros:


%
Valor*
TV
42,7
230
Digital
21,7
117
Jornais e revistas
21,2
114
Outdoor
7,1
38
Rádio
6,8
37
Cinema
0,5
3
Total

539
*milhões de euros


domingo, 12 de abril de 2015

Venda de jornais em queda no Reino Unido

Não é só em Portugal que os jornais têm cada vez menos leitores. Esta é uma tendência que se estende a muitos outros países. Um deles é o Reino Unido, onde, segundo esta notícia do The Guardian, em Março deste ano se venderam menos 600 mil jornais diários do que em Março de 2014. O número de exemplares vendidos passou de 7,6 para 7 milhões, o que representa uma queda de 7,6%.

Os principais prejudicados foram o Sun, o Daily Sport e o Daily Record, que perderam mais de 10% das vendas. O The Guardian teve uma queda quase da mesma ordem (9,5%), tendo sido adquirido diariamente por quase 175 mil pessoas.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Futebol com audiências brutais na internet





Os portugueses são loucos por futebol. São, provavelmente, o único povo do mundo que consegue manter nas bancas três jornais diários nacionais dedicados à modalidade. E com uma circulação de cerca de 100 mil exemplares!

Todos os fins-de-semana, apesar da crise, entre 70 e 130 mil pessoas vão aos estádios vibrar com os jogos da 1ª Liga. Muitos outros ficam em casa ou dão um salto ao café para seguir as partidas através da televisão.

Esta loucura pela bola leva a que no top 20 dos programas mais vistos de 2014 tenham ficado outros tantos jogos de futebol. As partidas envolvendo equipas portuguesas nas ligas europeias são dos conteúdos televisivos mais populares, pois garantem audiências que podem ultrapassar os 3 milhões de espectadores, como foi o caso da final da Liga Europa, que opôs o Benfica ao Sevilha e foi transmitido pela SIC.

Um número que pode subir um pouco, caso em campo esteja a selecção portuguesa, numa fase avançada de uma competição internacional, como o Mundial. Por exemplo, a partida contra os Estados Unidos ocupou mesmo o primeiro lugar desta lista.

A compra dos direitos de transmissão de jogos de uma competição internacional, no caso, a Liga dos Campeões, esteve, aliás, na origem da queda da anterior administração da RTP, presidida por Alberto da Ponte. Em causa estava uma verba muito elevada, na ordem dos 15 milhões de euros, que levantou grande polémica, com muitos críticos (e responsáveis governamentais) a defenderem que não compete à televisão pública, paga com o dinheiro de todos nós, andar a gastar uma autêntica fortuna para transmitir jogos de futebol. Uma acusação rebatida por Alberto da Ponte que garantia que o negócio até daria lucro à RTP. Alberto da Ponte acabou por sair, mas os jogos da polémica vão, na mesma, poder ser vistos na RTP.

A febre do futebol, naturalmente que se estende à internet, registando os sites que se dedicam ao assunto números brutais de visitas e page views.
A vedeta maior é o do jornal A Bola, que, obteve, em 2014, de acordo com os dados da Netscope, uma média mensal de mais de 38 milhões de visitas e 281 milhões de visualizações. Este site ocupou, de resto, ao longo do ano, o 2º lugar da lista, apenas atrás do portal Sapo.

Também a versão digital do jornal Record não se pode queixar de falta de interesse por parte dos internautas. Teve, em média, cerca de 22 milhões de visitantes mensais e 134 milhões de page views.

O site do Jogo contabilizou 8,8 milhões de visitas e 32 milhões de page views.
Se acrescentarmos a estes os dados dos sites Mais Futebol, Sapo Desporto e Relvado atingimos um total mensal de 79 milhões de vistas/mês e 490 milhões de page views. E de fora da contabilidade ficam, naturalmente, vários outros sites temáticos e as secções de desporto de sites generalistas.


TVI facturou mais 11% em publicidade